João Arroio

João Arroyo
João Arroio
Nome completo João Marcelino Arroio
Nascimento 4 de outubro de 1861
Porto
Morte 18 de maio de 1930 (68 anos)
Colares
Nacionalidade Portugal Português
Ocupação Jurista, professor universitário, músico e político
Principais trabalhos Amor de perdição (ópera)

João Marcelino Arroio (Porto, 4 de Outubro de 1861 — Casas Novas, Colares, Sintra, 18 de Maio de 1930), mais conhecido por João Arroio ou João Arroyo, foi um jurista, professor universitário, músico e político português. Estudou Direito na Universidade de Coimbra, de que viria a ser professor catedrático. Foi deputado, par do Reino e por três vezes ministro, distinguindo-se como orador parlamentar brilhante e intelectual de grande mérito, dedicando-se desde novo à composição musical.

Biografia

Nasceu na cidade do Porto no seio de uma família ligada ao meio artístico, filho do compositor e músico basco José Francisco Arroyo, primeiro director do Teatro de São João, do Porto, e irmão do conhecido engenheiro e crítico de arte António Arroio e de José Diogo Arroio, este também músico e cantor, doutorado em Química pela Universidade de Coimbra, político e professor catedrático de Química Inorgânica e director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.[1].

Depois de realizar estudos preparatórios na sua cidade natal, matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Ainda estudante naquela Universidade, liderou no ano de 1880, no âmbito das comemorações do tricentenário camoniano, a fundação do Orfeon Académico de Coimbra, de que foi seu primeiro regente. No espectáculo de estreia do Orfeão, João Arroio dirigiu a orquestra que acompanhou o seu irmão António Arroio, que cantou a solo.

Doutorou-se em Direito no ano de 1884 e em Dezembro de 1895 foi nomeado professor catedrático da Faculdade de Direito de Coimbra. Esteve ligado, com os seus irmãos e alguns amigos, à fundação do Jornal de Notícias no Porto (1888), de que José Diogo Arroio foi o primeiro director.[2] Foi eleito em 9 de Dezembro de 1892 sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, na Classe de Letras[3].

Em 1884, foi eleito deputado pelo círculo eleitoral de Vila do Conde, integrado nas listas do Partido Regenerador, mantendo-se na Câmara dos Deputados até 1902, acumulando com a actividade docente. Em 1890, com apenas 29 anos de idade, foi nomeado Ministro da Marinha e Ultramar no ministério de Serpa Pimentel, após da queda do governo Progressista que se seguiu ao Ultimato. Foi também Ministro da Instrução Pública e Belas Artes de 5 de Abril a 13 de Outubro de 1890. A sua acção ministerial foi curta e discreta, contrastando com as suas numerosas intervenções parlamentares, que revelaram qualidades de grande orador. Nas actas parlamentares há intervenções e referências a João Arroio em cerca de duas mil páginas, entre 1884 e 1910.[4] Ainda arranjou tempo para ser vogal do Tribunal de Contas e administrador da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, circunstâncias que fizeram dele um homem rico, detentor de uma grande colecção de arte e de um palacete na Rua do Telhal, em Lisboa, frequentado por toda a alta sociedade da capital portuguesa.[5]

Em 1900-1901 integrou o governo presidido por Hintze Ribeiro, desta feita com a pasta de Ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1902, ano em que rompeu com Hintze Ribeiro, foi nomeado Par do Reino. Durante os últimos anos de Monarquia, João Arroio foi um dos mais salientes membros da oposição parlamentar, fazendo-se notar pelos seus discursos na Câmara dos Pares contra João Franco, o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia, que apavoravam o monarca.[6] A sua violência contra o rei explicar-se-ia pela recusa, por parte deste, em nomeá-lo para o Conselho de Estado.[6] Na véspera da Revolução Republicana, a 4 de Outubro de 1910, João Arroio foi nomeado embaixador em Paris [7], cargo que já não chegou a ocupar. Em 1911 foi exonerado de professor universitário, embora o historiador monárquico António Cabral o tenha considerado um dos culpados pela queda da Monarquia.[8]

Obras

Jazigo de João Arroio, Cemitério do Alto de São João, em Lisboa

Publicou numerosos estudos jurídicos, entre os quais um Estudo sobre a sucessão legitimária (Coimbra, 1884), Duas excepções no Processo Civil Português (Porto, 1884) e um Estudo segundo sobre a sucessão legitimária (Coimbra, 1885).

Também se dedicou às letras e à música, tendo editado um livro de poesia (1915) e peças musicais, entre as quais composições para piano Histoire simple, Thème avec variations e o scherzo Angoscia e Charmante (1908), a ópera Leonor Teles e o drama lírico Amor de Perdição. Esta último, inspirado no romance homónimo de Camilo Castelo Branco (1862) e com libreto escrito em italiano por Francisco Bernardo Braga Júnior, foi estreado em 1907 no Teatro de São Carlos e depois, com grande êxito, em Hamburgo (1910). Voltou a ser apresentado em 2008, numa versão em português, encenado pela Companhia ÓperaNorte.[9] Compôs também uma cantata, Inês de Castro, ainda inédita, e um Poema Sinfónico, baseado num ciclo de sonetos publicados em 1918, que foi tocado em 1913 no Teatro da Trindade. A sua última ópera, Paulo e Lena, não chegou a ser concluída, sendo estreada como peça de teatro em 1917, no Teatro República, em Lisboa, e publicada em 1918.

Na direcção do Orfeon Académico de Coimbra imprimiu uma concepção grandiosa e romântica da música coral, com uma dinâmica apoteótica, juntando vozes, instrumentos e solistas, numa abordagem de árias musicais de grande efeito e aceitação. Incluiu no reportório obras como o Coro dos Caçadores (Was gleicht wohl auf Erden) de Carl Maria von Weber, a Marcha de Tannhäuser de Richard Wagner e o Hino Académico de José Medeiros, chegando a ter cerca de 250 executantes, entre orfeonistas e músicos[10].

Notas

  1. João-Heitor Rigaud, João Arroyo: Português, Portuense, Músico. Artigos Meloteca, 2009.
  2. João-Heitor Rigaud, Do Romantismo Portuense, Artigos Meloteca, 2009.
  3. Processo académico.
  4. João-Heitor Rigaud, João Arroyo: Português, Portuense, Músico, op. cit.
  5. Raul Brandão, Memórias, tomo I.
  6. a b Raul Brandão, Memórias, op. cit.
  7. M. F. Mónica (coord.), Diccionário Biográfico Parlamentar 1834-1910, vol I, p. 223.
  8. António Cabral, Os culpados da Queda da Monarquia: De João Franco a Teixeira de Sousa, s.l., 1946.
  9. "Amor de Perdição" resgatada do silêncio., artigo de Cristina Fernandes no jornal Público de 12.12.2008.
  10. Guitarra de Coimbra.

Referências

  • "O centenário de João Arroio", Boletim da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais, n.º 13 (1961), p. 12-13: il. Lisboa.
  • João-Heitor Rigaud, João Arroyo: Português, Portuense, Músico. Artigos Meloteca, 2009.

Ligações externas

  • João Arroyo: Português, Portuense, Músico[ligação inativa]
  • João Arroio na Infopédia
  • Ignez de Castro: Cantata para Vozes sólo, córos, orchestra e orgão, 1880, na Biblioteca Nacional de Portugal
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Luís Mouzinho de Albuquerque António César de Vasconcelos Correia (interino) Joaquim de Sousa Quevedo Pizarro Agostinho José Freire (interino) Luís Mouzinho de Albuquerque (2.ª vez) Bernardo de Sá Nogueira José da Silva Carvalho (interino) Marquês de Loulé (interino) Agostinho José Freire (2.ª vez; interino) Francisco Margiochi Agostinho José Freire (3.ª vez) Conde de Vila Real Conde de Linhares Marquês de Loulé (2.ª vez) António Aloísio Jervis de Atouguia Visconde de Sá da Bandeira (2.ª vez) Manuel Gonçalves de Miranda António César de Vasconcelos Correia (não empossado) Conde de Lumiares (interino) José Xavier Bressane Leite (não empossado) António Vieira de Castro Visconde de Sá da Bandeira (3.ª vez; interino) Visconde de Bóbeda (2.ª vez; interino) Visconde de Sá da Bandeira (não empossado) Visconde de Bóbeda (2.ª vez cont.; interino) João de Oliveira (interino) Barão do Bonfim Visconde de Sá da Bandeira (4.ª vez; interino) Barão de Sabrosa (interino) Francisco Aguiar Ottolini • Conde do Bonfim (interino) Conde de Vila Real (2.ª vez) Conde do Bonfim (2.ª vez; interino) Manuel Gonçalves de Miranda (2.ª vez) Conde do Bonfim (3.ª vez; interino) José Ferreira Pestana António Aloísio Jervis de Atouguia (2.ª vez) Junta Provisória de Governo José Jorge Loureiro António José Campelo • Barão do Tojal (interino) Joaquim José Falcão (inicialmente interino) Duque da Terceira (interino) Luís Mouzinho de Albuquerque (não empossado) José Jorge Loureiro (2.ª vez) Luís Mouzinho de Albuquerque (3.ª vez) Manuel de Portugal e Castro Conde do Tojal (2.ª vez; interino) João de Fontes Pereira de Melo Agostinho Albano • Barão de Vila Nova de Ourém Visconde de Castro (interino) Barão de Vila Nova de Ourém (2.ª vez; interino) Flórido Rodrigues Pereira Ferraz • Barão de Francos (interino) Barão da Luz (interino) Marquês de Loulé (3.ª vez) António Maria de Fontes Pereira de Melo Visconde de Atouguia (3.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (5.ª vez) Adriano Ferreri • António Maria de Fontes Pereira de Melo (2.ª vez; interino) José Marcelino de Sá Vargas Carlos Bento da Silva José da Silva Mendes Leal João Crisóstomo (interino) Duque de Loulé (4.ª vez) Marquês de Sá da Bandeira (6.ª vez; interino) Visconde da Praia Grande de Macau José Rodrigues Coelho do Amaral José Maria Latino Coelho Luís Augusto Rebelo da Silva Duque de Saldanha (interino) António da Costa • Luís da Câmara Leme Marquês de Sá da Bandeira (7.ª vez; interino) José de Melo Gouveia Jaime Moniz João de Andrade Corvo (interino) José de Melo Gouveia (2.ª vez) Tomás Ribeiro João de Andrade Corvo (interino) Marquês de Sabugosa Anselmo José Braamcamp (interino) Visconde de São Januário Júlio de Vilhena José de Melo Gouveia (3.ª vez) José Vicente Barbosa du Bocage Júlio de Vilhena (interino) José Vicente Barbosa du Bocage (continuação) Manuel Pinheiro Chagas Henrique de Macedo Henrique de Barros Gomes (interino) Henrique de Macedo (continuação) Henrique de Barros Gomes (interino) Henrique de Macedo (2.ª vez) Henrique de Barros Gomes (2.ª vez; interino) Frederico Ressano Garcia João Arroio • Júlio de Vilhena (2.ª vez) António Enes Júlio de Vilhena (3.ª vez) Conde de Valbom (interino) Júlio de Vilhena (3.ª vez; continuação) Francisco Ferreira do Amaral João António das Neves Ferreira José Bento Ferreira de Almeida Jacinto Cândido Henrique de Barros Gomes (3.ª vez) Francisco da Veiga Beirão (interino) Henrique de Barros Gomes (3.ª vez; continuação) Francisco Felisberto Dias Costa António Eduardo Vilaça António Teixeira de Sousa Manuel Rafael Gorjão Manuel Moreira Júnior António de Azevedo Castelo Branco Aires de Ornelas António Carlos Vasconcelos Porto (interino) Aires de Ornelas (continuação) Augusto de Castilho António Cabral João de Azevedo Coutinho Manuel da Terra Pereira Viana João de Azevedo Coutinho (2.ª vez) José Marnoco e Sousa

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Luís Mouzinho de Albuquerque Conde de Ficalho (interino) José António Ferreira Brak-Lamy Joaquim de Sousa Quevedo Pizarro Marquês de Palmela Agostinho José Freire (interino) Marquês de Palmela (continuação) Agostinho José Freire (interino) Marquês de Loulé Cândido José Xavier (interino) Agostinho José Freire (interino) Conde de Vila Real Duque de Palmela (2.ª vez) Conde de Vila Real (2.ª vez) Duque de Palmela (3.ª vez) Marquês de Loulé (2.ª vez) Conde de Vila Real (3.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (interino) Marquês de Valença (não empossado) Visconde de Sá da Bandeira (continuação) Manuel de Castro Pereira • Visconde de Sá da Bandeira (2.ª vez) Barão de Sabrosa (interino) Visconde da Carreira (não empossado) Conde do Bonfim (interino) Conde de Vila Real (4.ª vez) Rodrigo da Fonseca (interino) Visconde de Torre de Moncorvo (não empossado) Rodrigo da Fonseca (continuação; inicialmente interino) Duque de Palmela (4.ª vez) Junta Provisória de Governo Duque da Terceira (interino) José Joaquim Gomes de Castro Marquês de Saldanha (não empossado) Duque da Terceira (2.ª vez; interino) Conde do Lavradio Visconde da Carreira (não empossado) Marquês de Saldanha (interino) Manuel de Portugal e Castro (interino) Ildefonso Bayard Barão da Luz Duque de Saldanha (2.ª vez) José Joaquim Gomes de Castro, 1.º Conde de Castro (2.ª vez) Duque de Saldanha (interino) José Joaquim Gomes de Castro (2.ª vez; continuação) Conde do Tojal Barão da Luz (2.ª vez; interino) António Aloísio Jervis de Atouguia Visconde de Almeida Garrett Visconde de Atouguia (2.ª vez; inicialmente interino) Marquês de Loulé (3.ª vez) Duque da Terceira (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro (inicialmente interino) António José de Ávila Marquês de Loulé (4.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (interino) Duque de Loulé (4.ª vez; continuação) Conde de Ávila (2.ª vez) Visconde de Castro (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez) João de Andrade Corvo (interino) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez; continuação) João de Andrade Corvo (interino) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez; continuação) Conde de Ávila (3.ª vez) Carlos Bento da Silva (interino) Marquês de Sá da Bandeira (interino) Carlos Bento da Silva (interino; continuação) Marquês de Sá da Bandeira (3.ª vez; interino) José da Silva Mendes Leal Duque de Loulé (interino) José da Silva Mendes Leal (continuação) Duque de Saldanha (3.ª vez; interino) Marquês de Ávila (4.ª vez; interino) Carlos Bento da Silva (2.ª vez; interino) Marquês de Ávila (5.ª vez; interino no final) João de Andrade Corvo António Serpa (interino) João de Andrade Corvo (continuação) António Serpa (interino) João de Andrade Corvo (continuação) Marquês de Ávila (6.ª vez; interino) João de Andrade Corvo (2.ª vez) Anselmo José Braamcamp António Rodrigues Sampaio (interino) Miguel Dantas (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa (continuação) Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa (continuação) José Vicente Barbosa du Bocage Henrique de Barros Gomes (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (3.ª vez) José Vicente Barbosa du Bocage (2.ª vez) Conde de Valbom António Costa Lobo António Aires de Gouveia Francisco Ferreira do Amaral (interino) António Aires de Gouveia (continuação) Francisco Ferreira do Amaral (interino) António Aires de Gouveia (continuação) Francisco Ferreira do Amaral (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (4.ª vez) Frederico Arouca Ernesto Hintze Ribeiro (5.ª vez) Carlos Lobo de Ávila Ernesto Hintze Ribeiro (6.ª vez; interino) Luís Pinto de Soveral Henrique de Barros Gomes (interino) Matias de Carvalho e Vasconcelos Henrique de Barros Gomes (2.ª vez) Francisco da Veiga Beirão (inicialmente interino) João Arroio • Fernando Matoso dos Santos (interino) Venceslau de Lima António Eduardo Vilaça Venceslau de Lima (2.ª vez) Luís de Magalhães Luciano Monteiro • Venceslau de Lima (3.ª vez) João de Alarcão Carlos du Bocage • António Eduardo Vilaça (2.ª vez) José de Azevedo Castelo Branco

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