Artur de Almeida Ribeiro

Artur de Almeida Ribeiro.

Artur Rodrigues de Almeida Ribeiro (Fornos de Algodres, Cadoiço, 30 de Janeiro de 1865 — Lisboa, 7 de Maio de 1943) foi um magistrado judicial e político que exerceu importantes funções durante a Primeira República Portuguesa,[1] muito próximo de Afonso Costa, personalidade que acompanhou ao longo da maior parte da sua carreira política. Colaborou na imprensa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Biografia

Filho de João Ribeiro de Almeida Cândido[2], formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra no ano de 1885, ingressando no ano imediato na magistratura judicial das colónias portuguesas. Foi colocado em Luanda, cidade onde viveu de 1886 a 1907 e onde ocupou sucessivamente os cargos de delegado do Procurador Régio, juiz de direito e juiz do Tribunal da Relação de Luanda. Em 1905 foi promovido a juiz conselheiro naquele Tribunal.[1]

Em 1907 foi transferido para o Tribunal da Relação de Lisboa, onde foi nomeado vogal da comissão de revisão da organização judiciária (1908-1909). Foi seguidamente membro do Conselho Colonial (a partir de 1912), auditor-geral junto da 1.ª Divisão Militar (1912), membro do Conselho Superior da Magistratura Judicial (1912-1921) e membro da comissão central de execução da Lei da Separação do Estado das Igrejas (1912-1927, embora com interrupções).[1]

Em 1919 foi transferido para o cargo de juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, cargo que manteria até se aposentar em Junho de 1927. Manteve-se como vogal da comissão de execução da Lei da Separação e foi sucessivamente membro do Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia (1921-1923)[1] e juiz e juiz-auditor no Tribunal Militar especial que julgou os oficiais implicados nas tentativas de golpe militar ocorridas em 1925 (a Revolta de 18 de Abril de 1925 e a Revolta de 19 de Julho de 1925).

Além das suas funções como magistrado, teve importante participação na vida política, exercendo por várias vezes as funções de deputado ao Congresso da República e de minstro e secretário de Estado.

A sua entrada na vida política ocorreu em 1913, quando por indicação de Afonso Costa, aproveitando a sua experiência judicial em Angola, foi nomeado Ministro das Colónias do V Governo da República, presidido por Afonso Costa, cargo que desempenhou de 9 de Janeiro de 1913 a 9 de Fevereiro de 1914. No exercício daquele cargo mostrou-se sensível e conhecedor das questões coloniais, pois, para além de ter vivido num dos territórios africanos, pertencia, desde 1911, ao Conselho Colonial, onde apresentara propostas de alteração do regime de administração ultramarina, as quais dariam origem à Lei n.º 277, de 14 de Agosto de 1914, que promulgou a Lei Orgânica da Administração Civil das Províncias Ultramarinas,[3] e à Lei n.º 278, também de 14 de Agosto de 1914, que promulgou a Lei Orgânica da Administração financeira das Províncias Ultramarinas.[4] Estas leis, inovadoras e estruturantes da adminstração colonial portuguesa, vigoraram até 1919, mas deixaram conceitos e formas organizativas que subsistiram até ao termo da organização colonial portuguesa. Também em 1913 foi eleito deputado ao Congresso da República pelo círculo eleitoral de Pinhel, nas listas do Partido Republicano Português.

Eleito deputado ao Congresso da República pelo círculo eleitoral da Guarda nas eleições gerais de 1915, nas listas do PRP, voltou ao governo nesse ano, como Ministro do Interior do XII Governo da República, novamente sob a presidência de Afonso Costa. Ocupou o cargo entre 29 de Novembro de 1915 e 15 de Março de 1916, num período marcada por grande instabilidade política e de crescente violência nas ruas.

Regressou ao Governo em 18 de Maio de 1916, como o primeiro a exercer o cargo de Subsecretário de Estado das Finanças,[1] cargo que manteve até 25 de Abril de 1917. Neste período, o Ministro das Finanças, de quem dependia directamente, era Afonso Costa, sendo o XIII Governo da República presidido por António José de Almeida.

Com a nomeação do XIV Governo da República, novamente presidido por Afonso Costa, volta ao cargo de Ministro do Interior, cargo que exerceu de 25 de abril de 1917 a 10 de dezembro de 1917, acumulando transitoriamente a pasta das Finanças e a da Instrução Pública.[1] Nesta última data o governo foi derrubado pelo golpe militar de 5-8 de Dezembro de 1917, encabeçado por Sidónio Pais, e substituído pela Junta Revolucionária sidonista.

Durante o consulado de Sidónio Pais, as fortes relações que mantinha com Afonso Costa e a sua militância no Partido Republicano Democrático levaram a que fosse preso por diversas vezes, sob acusação de vários crimes políticos.[1]

O seu regresso à vida política activa fez-se em 1921, quando foi novamente eleito deputado ao Congresso da República pelo círculo eleitoral de Lisboa Ocidental, desta feita integrado nas listas do Partido Republicano Democrático, funções que exerceu até 1925. Aposentou-se da magistratura em Junho de 1927, já sob o governo da Ditadura Militar saída do golpe de 28 de Maio de 1926.

Apesar da sua proximidade a Afonso Costa e aos «democráticos», não acompanhou em toda a sua extensão o movimento de radicalização daquela facção durante a década de 1920, acabando por ser expulso do partido em 1928, por ter aceite em 1926 tornar-se vogal efectivo do Conselho Superior das Colónias, numa nomeação feita pelo governo da Ditadura Militar. Manteve-se neste cargo até 1935, já no período de governação do regime do Estado Novo.

Foi colaborador da imprensa escrita, tendo publicado em diversos periódicos, com destaque para o Diário de Notícias. Também publicou algumas decisões judiciais comentadas. A sua ligação aos assuntos coloniais levou a que fosse sócio efectivo da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Notas

  1. a b c d e f g Ficha Bio-bibliográfica de Artur Rodrigues de Almeida Ribeiro (1865-1943).
  2. Parlamentares e Ministros da 1ª República, por A. H. Oliveira Marques (coordenação), Edições Afrontamento, 1ª Edição, Lisboa, 2000, pág. 370
  3. Lei n.º 277, organizando a administração civil das províncias ultramarinas.
  4. Lei n.º 278, organizando a administração financeira das províncias ultramarinas.

Ligações externas

  • Ficha Bio-bibliográfica de Artur de Almeida Ribeiro na página da Faculdade de Direito da UNL
  • Ilustres (quase) esquecidos (1): Artur Rodrigues de Almeida Ribeiro (com foto)
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António José de Almeida Bernardino Machado (interino) António José de Almeida (continuação) João Chagas Silvestre Falcão Alberto da Silveira (interino) Silvestre Falcão (continuação) Duarte Leite Augusto de Vasconcelos (interino) Duarte Leite (continuação) Rodrigo Rodrigues Bernardino Machado Alexandre Braga Joaquim Pimenta de Castro (interino) Pedro Gomes Teixeira Junta Constitucional João Chagas (não empossado) José de Castro (interino) José Augusto Ferreira da Silva • João Catanho de Meneses Artur de Almeida Ribeiro • António Pereira Reis • Brás Mousinho de Albuquerque António José de Almeida (interino) Brás Mousinho de Albuquerque (continuação) Artur de Almeida Ribeiro (2.ª vez) Junta Revolucionária António Machado Santos Henrique Forbes de Bessa • João Tamagnini Barbosa António Bernardino Ferreira • João Tamagnini Barbosa (2.ª vez) José Relvas Domingos Pereira António Maria Baptista (interino) Domingos Pereira (continuação) Alfredo de Sá Cardoso António Granjo (não empossado) Alfredo de Sá Cardoso (reconduzido) Domingos Pereira (2.ª vez) António Maria Baptista José Ramos Preto (interino) João Pedroso de Lima • António Granjo (interino) Felisberto Pedrosa Álvaro de Castro Liberato Pinto Bernardino Machado (2.ª vez) Abel Hipólito António Granjo (2.ª vez) Manuel Maria Coelho Carlos Maia Pinto Francisco da Cunha Leal António Maria da Silva António Ginestal Machado Alfredo de Sá Cardoso (2.ª vez) Alfredo Rodrigues Gaspar José Domingues dos Santos Vitorino Henriques Godinho Germano Martins • Domingos Pereira (3.ª vez) António Maria da Silva (2.ª vez)

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Basílio Teles (não empossado) José Relvas Duarte Leite Sidónio Pais António Vicente Ferreira Francisco Fernandes Costa (interino) António Vicente Ferreira (continuação) Afonso Costa Tomás Cabreira António dos Santos Lucas Álvaro de Castro Joaquim Pimenta de Castro (interino) Herculano Galhardo José Jerónimo Rodrigues Monteiro (inicialmente interino) José Maria Teixeira Guimarães (interino) Junta Constitucional Tomé de Barros Queirós Vitorino Guimarães Afonso Costa (2.ª vez) António José de Almeida (interino) Afonso Costa (2.ª vez; continuação) António José de Almeida (interino) Afonso Costa (2.ª vez; continuação) Artur de Almeida Ribeiro (interino) Afonso Costa (2.ª vez; cont.) Artur de Almeida Ribeiro (interino) Junta Revolucionária António dos Santos Viegas • Francisco Xavier Esteves Joaquim Mendes do Amaral (interino) João Tamagnini Barbosa Ventura Malheiro Reimão • António de Paiva Gomes Augusto Dias da Silva (interino) António de Paiva Gomes (continuação) Amílcar Ramada Curto Francisco Rego Chaves António Maria da Silva Francisco Fernandes Costa (não empossado) António Maria da Silva (reconduzido) António Joaquim Ferreira da Fonseca Francisco Pina Lopes • António Maria da Silva (2.ª vez) Inocêncio Camacho António Granjo (interino) Inocêncio Camacho (continuação) Francisco da Cunha Leal Liberato Pinto (interino) António Maria da Silva (3.ª vez) Tomé de Barros Queirós (2.ª vez) António Vicente Ferreira (2.ª vez) Francisco António Correia • Francisco Trancoso • Vitorino Guimarães (2.ª vez) Albano Portugal Durão Eduardo Alberto Lima Basto Vitorino Guimarães (3.ª vez) Francisco Velhinho Correia António de Abranches Ferrão (interino) Francisco Velhinho Correia (continuação) João Vaz Guedes (interino) Francisco da Cunha Leal (2.ª vez) Álvaro de Castro (2.ª vez; inicialmente interino) Daniel Rodrigues • Manuel Pestana Júnior Vitorino Guimarães (4.ª vez) Eduardo Alberto Lima Basto (2.ª vez) António Alberto Torres Garcia Armando Marques Guedes

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Celestino de Almeida José de Freitas Ribeiro António Macieira (interino) Joaquim Cerveira de Albuquerque Artur de Almeida Ribeiro • Alfredo Augusto Lisboa de Lima Alfredo Rodrigues Gaspar Joaquim Pimenta de Castro (interino) Teófilo da Trindade José Maria Teixeira Guimarães Junta Constitucional José Jorge Pereira José Maria Norton de Matos Alfredo Rodrigues Gaspar (2.ª vez) António José de Almeida Afonso Costa (interino) • António José de Almeida (continuação) Ernesto de Vilhena Junta Revolucionária João Tamagnini Barbosa Alexandre de Vasconcelos e Sá Alfredo Baptista Coelho José Carlos da Maia Domingos Pereira (interino) João Soares Alfredo Rodrigues Gaspar (3.ª vez) Alfredo de Sá Cardoso (interino) Álvaro de Castro José Barbosa (não empossado) Jorge de Vasconcelos Nunes (não empossado; interino) Álvaro de Castro (reconduzido) Celestino de Almeida (interino) José Barbosa Fernando de Utra Machado Vasco Guedes de Vasconcelos Manuel Ferreira da Rocha • Jaime de Sousa António de Paiva Gomes Tomé de Barros Queirós Celestino de Almeida (2.ª vez) Manuel Ferreira da Rocha (2.ª vez) Carlos Maia Pinto (não empossado) José Eduardo de Carvalho Crato (não empossado) Manuel Maria Coelho Carlos Maia Pinto Tomás Fernandes Francisco Rego Chaves Alfredo Rodrigues Gaspar (4.ª vez) António Vicente Ferreira Álvaro de Castro (2.ª vez) Mariano Martins Álvaro Bulhão Pato Carlos de Vasconcelos António de Paiva Gomes (não empossado) Henrique Paço d'Arcos Filémon Duarte de Almeida Isidoro Pereira Leite Domingos Pereira (interino) Ernesto Vieira da Rocha

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António de Sousa Júnior José Sobral Cid Frederico Ferreira de Simas Joaquim Pimenta de Castro (interino) Manuel Goulart de Medeiros Junta Constitucional José de Castro (não empossado) Sebastião de Magalhães Lima José de Castro (interino) João Lopes Martins Frederico Ferreira de Simas (2.ª vez) Joaquim Pedro Martins António José de Almeida (interino) Joaquim Pedro Martins (continuação) José Maria Barbosa de Magalhães Artur de Almeida Ribeiro (interino) José Maria Barbosa de Magalhães (continuação) Junta Revolucionária Alfredo Magalhães Domingos Pereira Leonardo Coimbra Joaquim José Oliveira Afonso Pinto Veloso (não empossado) Joaquim José Oliveira (reconduzido) João de Deus Ramos Vasco Borges Augusto Nobre Francisco Velhinho Correia (interino) Artur Octávio do Rego Chagas Felisberto Pedrosa (interino) Júlio Dantas Augusto Nobre (2.ª vez) Júlio Martins Tomé de Barros Queirós (interino) António Ginestal Machado António Alberto Torres Garcia (não empossado) Manuel de Lacerda de Almeida Francisco Alberto da Costa Cabral Alberto Rocha Saraiva Augusto Nobre (3.ª vez) Leonardo Coimbra (2.ª vez) João Camoesas António Maria da Silva (interino) João Camoesas (continuação) Manuel de Melo e Simas António Sérgio Hélder Ribeiro António de Abranches Ferrão António de Sousa Júnior (2.ª vez) Rodolfo Xavier da Silva Eduardo Santos Silva João Camoesas (2.ª vez) Eduardo Santos Silva (2.ª vez)

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Afonso Costa, 65.º chefe de governo de Portugal
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